Galeria *

Teu rosto assim... tão paz;
teus olhos assim... tão luz;
e o tempo assim...
no tempo parado,
como a argüir do futuro
a lembrança do passado.

Por que mãos assim...
tão dádivas?
E tez assim...
tão dúvidas,
como se rogasses por nós
a remissão que não merecêssemos?

Por que semblantes assim...
tão pudicos,
como a conter a voz
do que nem mesmo disséssemos?
E como ficas assim...
imóvel e muda,
a me fitar recriminante,
no altar desta galeria
com teu olhar desconcertante
e teu rosto pálido de quem me repudia.

São teus traços justos que me afugentam
com a rapidez de quem me denuncia
e este teu ar brando que me acolhe
com o calor de quem me acaricia.

Italmar Menezes

* - Este poema dá título ao livro que num futuro poderá estar à disposição dos amantes da poesia.

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