Revolta



Marolou...

E o mar atrevido, em furor insano,

Com grande ruído, colidiu nas pedras

Gigantesco e desumano,

Para me espargir.

O vento que segredava às palmas

E encrespava as águas claras,

Bramiu rude...

Bramiu rude o leve vento

E remoinhou à minha volta

Para me tornar poento .

Ribombou...

E o trovão ousado,

Não se contendo calado,

Fremiu a terra a mim cercana

Num estrondo invulgar

Para me assustar.

Relampejou...

E o fulgente raio,

Cortando a tarde escura

Numa pressa de afligir,

Desceu à minha procura

Para me ferir.

Depois choveu...

Mas, não se fez a borrasca;

A chuva branda que se deu

Veio apenas me lavar

do pó, medo e ferida

E daquela tarde sofrida

que se ocultava no além-mar.

Arrependido,

Roguei a comiseração da natureza,

que, não se abstendo de frieza,

brandiu suas armas contra mim,

entretanto, evitando me golpear

Porque, contra ela blasfemei, sim ,

Quando jurei não te amar.



Italmar Menezes

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog