O retrato

O retrato


Um jovem vaidoso, desde muito cedo admirava tudo que fosse bem feito; extasiava-se com formas perfeitas, cores vivas e bem combinadas, beleza bem distribuída.
Nesta obstinação, cresceu cuidando da própria beleza, praticando esportes a fim de obter um corpo atlético, com músculos bem definidos, visitando freqüentemente o dentista, intentando preservar o mais brilhante sorriso, gastando somas em cabeleireiros para realçar ainda mais seus atributos, enfim, fazendo o possível e o impossível no intuito de conseguir a admiração, a veneração e os comentários efusivos de todos.
Um dia, resolveu que deveria perpetuar sua beldade sob a forma de uma pintura, desde que esta fosse executada pelo mais renomado artista, pois deveria ser retratada com fidelidade a sua excelência.
Dentre os inúmeros artífices indicados ou espontâneos que se lhe apareceram, chamou-lhe a atenção um ancião de mãos trêmulas que lhe disse:
- Meu jovem senhor: ao pintar o seu retrato, dou-lhe a garantia de que você verá a perfeição.
Entusiasmado, o vaidoso o contratou, pedindo opinião sobre como se vestir, onde e como posar, ao que respondeu o ancião:
- Nada disso é necessário; apenas saia e me deixe trabalhar. Amanhã à mesma hora, durante o coquetel que o senhor proporcionará, eu lhe mostrarei a obra-prima.
Apreensivo, porém confiante, o jovem obedeceu. No dia seguinte, com o salão repleto de pessoas das mais refinadas estirpes, o ancião solicitou a atenção de todos para o memorável momento.
Ao descerrar-se a cortina, a platéia viu com assombro uma pintura mal feita, mostrando uma figura indistinta e horripilante.
Muito irado, o rapaz arremessou contra a tela o copo de bebida que tinha às mãos, proferindo exaltados insultos ao velho artesão.
Naquele momento, a tinta foi aos poucos se dissolvendo, revelando por detrás da horrível pintura, a face de JESUS. Então, disse o pintor ao jovem:
- Eu não disse que lhe mostraria a perfeição?

Italmar Menezes

* - Às vezes (na maioria das vezes), nos preocupamos tanto conosco, pensamos tanto em nós próprios, que esquecemos a verdadeira essência de todas as coisas:
DEUS.

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